Do espelho que mostra o morto, Gabriel bebeu cada gota.
Do reflexo divino que viu, não hesitou por um segundo.
A estrada (inexo)rável em que trilharia. Toneladas de sangue. (Rio de sangue.)
Sangue negro de Deus, santíssimo insosso habitando meu trono.
Ele já estava impalado. Cabeça esmagada entre meus dedos,
fios de seda outrora negros, vermelho-sangue. E na aridez. Na aridez se banhou.
Tentou chupar o grão de areia dentro de cada humano. A secura interior.
Ingenuidade.
Mereceu minha Retribuição.
Minhas lanças. Apontam para o céu minhas lanças.
Correm aos céus meus arautos.
"Gabriel. Não vai se arrepender?"
Arrependimento é dos seus.
De todos demônios me alimentei,
profetiza não mais,
o faço, de todos profecias
me alimento, me alimento de
todas as mentiras, que semeou.
Aos homens, anjos, mentiu.
Discórdia criou, dele não precisa.
De seu cadáver não precisaria mais ainda.
Cabeça esmagada entre meus dedos. Na aridez
da sua existência.
Do calvário divino, o circo dos enforcados
que criou, esmagou cada gota